Resumo:

Objetivou-se avaliar a viabilidade de utilizar medicamento homeopático em colônias de abelhas melíferas Africanizadas para o tratamento de mortalidade de cria observada no estado do Rio de Janeiro. Selecionou-se ao acaso 12 colmeias em apiário que apresentava morte de larvas pré-pupas com sintomas de cria ensacada brasileira. Durante um mês, em administrações semanais, quatro colmeias receberam o medicamento homeopático em solução alcoólica, quatro receberam apenas solução alcoólica e quatro não foram submetidas a tratamento. Utilizou-se no ensaio um medicamento bioterápico, preparado a partir de larvas de abelhas mortas no próprio apiário tratado, com alcoolatura 70% e potência 30CH. O medicamento foi fornecido misturado à alimentação artificial energética (xarope de açúcar a 50%), em alimentador do tipo interno. Cada colmeia teve dois favos de cria sorteados para avaliação da quantidade de larvas mortas no início e no final do tratamento, totalizando 24 favos estudados e 48 análises. A contagem das larvas mortas foi efetuada por fotografias, considerando também os opérculos perfurados. Avaliou-se a eficiência do tratamento através da evolução da primeira avaliação para a segunda, em porcentagem de redução ou aumento no número de larvas mortas. Verificou-se que as colmeias que receberam o medicamento homeopático apresentaram 80% de redução na mortalidade, enquanto que as demais apresentaram aumento médio de 200% no número de larvas mortas. Os resultados de eficiência terapêutica, somados ao baixo custo e fácil administração do medicamento, indicam que o tratamento homeopático pode representar uma alternativa viável ao apicultor para o restabelecimento de colônias que apresentam morte de abelhas por doenças. Além disso, a homeopatia tem seu uso regulamentado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA, 1999) para o tratamento de animais da produção orgânica, já que não deixa resíduos químicos nos produtos nem no meio ambiente. Neste sentido, o tratamento homeopático em apicultura merece mais investigações porque pode diminuir as perdas de colônias por doenças e a perda de produtos apícolas por contaminação química de medicamentos, constituindo uma perspectiva interessante para a sanidade apícola e para a produção orgânica.